Texto traduzido e adaptado do livro: La filosofia de la osteopatia – 1899. Palavras do doutor Andrew Taylor Still. D.O
Coluna Márcio Aragão
Estou impressionado ao ver como o diafragma é tão importante para a manutenção das condições de saúde de todos os órgãos da vida, e tentarei dar algumas razões importantes para compreendê-los. Vamos direcionar a atenção para as estruturas acima e abaixo do diafragma e todos os orifícios por onde passam o sangue, os nervos e o alimento até o estômago.
O diafragma é, sem dúvida, menos bem entendido do que qualquer outra parte do corpo como causa de muitas doenças quando suas conexões não estão todas alinhadas e em posição normal. Começa na parte mais baixa do osso do peito, cruza as costelas e inclina-se para trás e para baixo até a terceira ou quarta vértebra lombar. Separa o coração, pulmões e cérebro dos órgãos da vida alojados dentro do abdome e da pelve. Vemos que a natureza posicionou seus centros de produção no tórax (bomba de sangue e a bomba de ar) numa determinada linha, protegidos por sólidas paredes para impedir que outros corpos comprimam uma das duas bombas e prejudiquem o abastecimento de sangue e da força neural aos locais necessários.
Os elementos que vêm da parte superior do diafragma abastecem o grande laboratório químico visceral. Já abaixo do diafragma encontramos os nervos esplâncnicos (responsáveis pela sensação, controle motor e nutricional), que são orientados para o plexo solar e se ramificam aos plexos pélvico e sacro. Controlam e monitoram o grande laboratório químico visceral especializado em produzir material para a formação de ossos, músculos e todas as outras substâncias necessárias para manter a máquina da vida em plena força e ação.
Sendo assim, todas as partes do corpo estão direta ou indiretamente ligadas a esse grande músculo separador.
Qual é a verdadeira condição do diafragma em relação à saúde:
- Sua localização deve ser correta.
- Tem que estar tenso como uma pele de tambor.
- Estar unido ao tórax em seu perímetro ao cruzar a 5ª a 6ª costelas.
- Em sua descida, alcançar a 7ª costela ao nível do esterno, até o bordo inferior do corpo vertebral de L4.
- O vigor tem que ser mantido normal em todos os pontos, sem dobras ou distensões que poderiam comprometer a aorta, os nervos, o esôfago ou tudo que contribui para o abastecimento da circulação de substâncias vitais.
- Ajudar os pulmões a misturar o ar com o sangue venoso fresco, purifica-lo e nutri-lo com oxigênio antes de retornar ao coração para ser enviado como nutriente para o sistema.
- Movimentos da coluna e das costelas podem modificar a forma normal do diafragma.
O perigo de compressão
O diafragma não deve ser incomodado. Cada bomba deve cumprir um dever sagrado e caso seu esforço seja negligenciado, a sentença será a pena de morte para todas as outras divisões do corpo humano. Nesse momento, vemos que nenhum atraso pode ser tolerado na passagem de sangue ou de nutrientes ao nível do diafragma, porque qualquer irritação é susceptível de provocar a contração muscular e impedir o fluxo natural do sangue pela aorta abdominal.
A veia cava pode também ser comprimida o suficiente para parar completamente o sangue do retorno venoso do estômago, rins, intestinos e todos os outros órgãos, o sistema linfático, fáscia, membranas celulares, centros nervosos e gânglios.
Assim, por pressão, constrição ou tração, o fluxo de sangue sobre o tronco celíaco pode ser interrompido de maneira temporária, parcial ou completa do suprimento arterial do abdome. Essa obstrução pode ocorrer acima ou abaixo do diafragma e fazer com que o sangue seja retido por tempo suficiente para “morrer de sufocamento” e ser deixado em todos os órgãos localizados sob o diafragma.
Podemos observar duas condições:
- Diminuição no fornecimento de sangue pela aorta devido ao aumento da resistência descendente; se faltar sangue, a evacuação dos corpúsculos mortos, sem qualidades para manter a vida, acumula-se.
- Acúmulo de impurezas do sangue venoso abaixo do diafragma devido ao aumento da resistência ascendente; sem sangue puro o suficiente para sustentar a vida, a doença se instala.
Assim, algumas listas de sintomas podem ter uma causa diafragmática como: o aumento glandular do pescoço, as fáscias, distúrbios cardíacos, doenças dos pulmões, cérebro, fígado, rins, útero, ovários, icterícia, disenteria, menstruação, espasmos, tumores do abdome e todos os sintomas de uma larga lista de enfermidades rotuladas como “de causa desconhecida” e tratadas pelo sistema de “cortar e ver”.
Você sempre tem que argumentar com a ideia de que, sem um diafragma em boas condições, tanto pela forma como pela ação, a doença pode começar seu trabalho em qualquer outro lugar. Isso explica a necessidade de um sangue puro e fáscia saudável responsáveis pelos bons ou maus resultados.
O diafragma diz: “Por mim viverás, e por mim morrerás”.