Intervenção Osteopática no Tratamento da Hiperidrose

Nome: Diógenes Cornélio Ferreira
Orientador: Frédéric Delater
Sede: Idot – Brasília D

  1. Introdução

A hiperidrose é definida como uma condição patológica de excessiva sudorese em quantidade superior a necessária para a regulação do corpo humano. Podendo ser classificada em hiperidrose generalizada ou orgânica, que se apresenta após alguma patologia, hiperidrose regional ou neurológica, que se apresenta após uma patologia neurológica e a hiperidrose localizada e primitiva, essa sendo a mais comum e sem uma causa específica.

Na procura para melhorar a qualidade de vida dos portadores de hiperidrose, vários tipos de tratamentos foram desenvolvidos, mas, em grande parte dessas terapias, há altos índices de falhas ou pode trazer complicações2,3.

O tratamento pode ser realizado com intervenções por meio de antiperspirante, iontoforese, anticolinérgicos e injeções locais com toxinas botulínicas4,5. Mas a intervenção cirúrgica, a simpatectomia por videotoracoscopia, é o tratamento que se apresenta como sendo definitivo. A intervenção cirúrgica ocorre pelo bloqueio dos ramos torácicos simpáticos6.

Devido aos altos índices de desenvolvimento da hiperidrose compensatória após uma intervenção cirúrgica, torna-se importante avaliar a qualidade de vida dos pacientes submetidos à simpatectomia, nos períodos anterior e posterior ao procedimento, pois a hiperidrose compensatória é um distúrbio encontrado em 80{8ec6837f4d4c723f3ffbc53e0f9280463c3f97d684af52f5a27bd55996592354} dos pacientes após a cirurgia6.

A hiperidrose compensatória é resultado comum após a intervenção cirúrgica, o que ocorre é que, ao fazer a simpatectomia dos gânglios relacionados à área na qual se quer realizar o tratamento, uma nova área irá aparecer com o excesso de sudorese, compensando a área na qual a cirurgia realizou o bloqueio, podendo piorar a sensação do paciente e sua qualidade de vida.

A hiperidrose afeta a qualidade de vida e social do paciente, a realização de uma intervenção cirúrgica, gerando uma compensação, apresenta a piora desse quadro. A intervenção osteopática pode ajudar na busca da regulação, por meio da regulação das distonias do sistema neurovegetativo, diminuindo a sudorese do paciente e melhorando a qualidade de vida. 

Apesar dos benefícios da intervenção osteopática acima descritos, estudos que investigaram o seu uso em relação à hiperidrose não são de nosso conhecimento. A fim de medir nosso impacto, foi encontrado um score desenvolvido pelos pesquisadores da área, que permite avaliar o grau da hiperidrose (HDSS). Esses benefícios seriam de extrema importância, tendo um impacto na melhora da qualidade de vida do paciente por meio da regulação do sistema neurovegetativo.

2. Anamnese

Paciente do sexo masculino, 29 anos, engenheiro civil, sedentário, com histórico de duas cirurgias de simpatectomia torácica para hiperidrose.

Paciente chegou relatando hiperidrose, sudorese excessiva, que tinha realizado duas cirurgias para resolução do problema, mas que piorou após as duas intervenções. Sua sudorese antes da primeira cirurgia apresentava-se nas regiões palmar e axilar, após a primeira cirurgia, teve uma compensação para tronco e membros inferiores, após a segunda cirurgia, teve uma compensação para tronco, região plantar, palmar, axilar e face.

Paciente relatou também dores de cabeça desde os 12 anos, fazendo uso de medicação por 15 anos e sem melhora, relata que as dores de cabeça são piores pela manhã, tem ligação com a alimentação do dia anterior, dependendo das dores não conseguindo dormir nem ficar na claridade. Buscou tratamento osteopático, antes da clínica-escola, tendo uma melhora, mas sem ter condições de dar continuidade, abandonou o tratamento. 

Cirurgia:

Realizou a primeira simpatectomia na altura dos gânglios de T2-T5 há cinco anos. Após a cirurgia, desenvolveu uma hiperidrose compensatória. Em resultado da HC, foi indicada e realizada uma segunda cirurgia de correção, que gerou uma nova hidrose compensatória, voltando a ter sudorese nas regiões que tinha obtido uma melhora com a primeira cirurgia.  

Medicamentos:

Fez uso de medicação para controle da hiperidrose e para melhora da dor de cabeça por 15 anos, há dois anos abandonou o uso de medicamento por não ver uma melhora.

Atividade física:

Gostaria de realizar musculação, mas evita a pratica devido à sudorese excessiva.


2.2 Queixa Principal
Hiperidrose


2.3 Característica da queixa principal

Sudorese em repouso nas regiões de tronco, plantar, palmar, axilar e face, piorando em momentos de ansiedade e estresse.

2.4 Queixa secundária

Dor de cabeça desde os 12 anos de idade.


3. Teste de exclusão

Não foi necessária a realização do teste de exclusão.

4. Testes referenciais

  SME SP SV SC
Parietal X     X
Convergência podal Não foi realizado

SME (Sistema Musculoesquelético Neural), SP (Sistema Postural), SV (Sistema Visceral), SC (Sistema Craniano)

5. Teste relacional funcional

Relato do paciente relacionado à sintomatologia, não existe como fazer um teste específico.

6. Quadro contendo parâmetros encontrados na avaliação

         7. Planejamento do tratamento

  • 8. Tratamento
  • 9. Resultados

9.1. Resultados relevantes

a) Melhora do calor no corpo: paciente relatou uma melhora de 90{8ec6837f4d4c723f3ffbc53e0f9280463c3f97d684af52f5a27bd55996592354}.

b) Melhora da sudorese: paciente relatou uma melhora de 70{8ec6837f4d4c723f3ffbc53e0f9280463c3f97d684af52f5a27bd55996592354}.

c) Melhora da queixa secundária (dores de cabeça), melhorou na primeira consulta sem nenhum tratamento específico.

9.2 Resultados que não atingiram o resultado proposto

Todos os resultados propostos foram atingidos.

9.3 Destaque desse caso

Regulação do sistema neurovegetativo por meio da atuação no sistema craniano, musculoesquelético e neural.

9.4 Busca de aprimoramento de técnica osteopática habitualmente não utilizada

Aprimoramento da técnica de indução do nervo vago, saturação do gânglio estrelado e abertura do forame jugular.

9.5 Aprendizado com o caso

Aprimoramento do conhecimento do sistema neurovegetativo relacionado à sua regulação através dos nervos e gânglios.

  1. Referências
  1. Lear W, Kessler E, Solish N, Glaser DA. An epidemiological study of hyperhidrosis. Dermatol Surg. 2007; 33 (1 Spec No.): S69-75.
  2. Cerfolio RJ, Camopos JR, Bryant AS, Connery CP, Miller DL, DeCamp MM, et al. The Society of Thoracic Surgeons Expert Consensus for the surgical treatment of hyperhidrosis. Ann Thorac Surg. 2011;91(5):1642-8.
  3. Ruchinskas RA, Narayan RK, Meagher RJ, Furukawa S. The relationship of psychopathology and hyperhidro­sis. Br J Dermatol. 2002;147(4):733-5.
  4. Lowe N, Campanati A, Bodokh I, Cliff S, Jaen P, Krey­den O, et al. The place of botulinum toxin type A in the treatment of focal hyperhidrosis. Br J Dermatol; 2004;151(6):1115-22.
  5. Andrade PC, Flores GP, Uscello JF, Miot HA, Morso­leto MJ. Use of iontophoresis or phonophoresis for delivering on a botulinum toxin A in the treatment of palmar hyperhidrosis: a report on four cases. An Bras Dermatol. 2011;86(6):1243-6.
  6. Baroncello JB, Baroncello LRZ, Schneider EGF, Mar­tins GG. Avaliação da qualidade de vida antes e após simpatectomia por vídeotoracoscopia para tra­tamento de hiperidrose primária. Rev Col Bras Cir. 2014;41(5):325-30.

 [R1]Diagramação: observar que os números indicados são sobrescritos!

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