Tratamento para paciente com rotação interna de membro inferior

Nome: Francieli Furlan Vas Estero

Orientação:  Profa. Tatiane Menegazzo, CEI

Unidade: IDOT – Maringá

  1. Introdução

            As deformidades rotacionais e angulares nos membros inferiores das crianças são um dos principais motivos de procura nos centros ortopédicos1 e de preocupação por parte dos pais, o que pode ser uma consequência de maus hábitos posturais ou inadequada adaptação musculoesquelética do caminhar e da corrida durante a fase de crescimento2.

            Na maioria dos casos, são alterações simétricas, variações fisiológicas da anatomia, próprias do normal padrão de crescimento da criança. Corrige-se espontaneamente ao longo do tempo3. Quando assimétricas, geralmente não são aparentes ao nascimento. As causas incluem posição no útero, frouxidão dos ligamentos e deformidades no osso. Algumas anormalidades são resolvidas sem intervenção; entretanto, outras precisam de tratamento4.

             As alterações assimétricas rotacionais podem ser em torção (rotação) femoral e tibial interna ou externa. A rotação femoral pode ser interna (anteversão femoral – joelhos apontados um para o outro com dedos para dentro) ou externa (retroversão femoral, joelhos apontados em direções opostas)5. A torção tibial externa ocorre normalmente com o crescimento: de 0° ao nascimento a 20° no adulto. Já a torção interna é comum ao nascimento, porém quase sempre se resolve com o crescimento. Todavia, o grau exagerado de torção pode indicar problema neuromuscular6.

            Crianças com torção interna podem sentar-se regularmente em posição W (joelhos juntos e pés afastados) ou dormir em pronação com as pernas estendidas ou fletidas e rodadas internamente. Essas crianças assumem essa posição provavelmente porque é mais confortável7 8.

            A maioria dos tratamentos encontrados na literatura baseia-se em exercícios de fisioterapia, uso de órtese e osteotomia desrotativa entre 8-10 anos de idade4.

            Diferente da visão médica clássica, que foca a atuação na doença e como eliminá-la, a Osteopatia reconhece que a estrutura e a função do organismo caminham juntas. A doença pode se instalar devido à ocorrência de disfunções das estruturas musculoesqueléticas, é preciso encontrá-las e corrigi-las, permitindo que o organismo se autocure9.

            Visto que as alterações rotacionais durante o movimento articular podem provocar disfunção na marcha, resultando em desequilíbrios posturais, considera-se importante aplicar e desenvolver uma metodologia de avaliação e tratamento baseada nos princípios osteopáticos, com o objetivo de demonstrar as respostas obtidas na função, marcha e qualidade do movimento com o desenvolvimento deste caso clínico e entender as relações entre a queixa, as disfunções e as técnicas realizadas.

  • Anamnese

            Paciente do sexo feminino, 2 anos e 8 meses de idade. A mãe relata que teve uma gestação tranquila, a menina nasceu de parto cesariana com 39 semanas e não apresentou complicações após o nascimento. Teve um desenvolvimento motor dentro dos padrões normais, porém na transição de sentar para engatinhar começou a sentar em “W”. Os pais relatam que não haviam observado qualquer alteração na marcha até o dia 17 de fevereiro, quando a criança acordou e começou a andar com o pé esquerdo em rotação interna, ao correr tropeçava no pé e acabava caindo. Não apresentava dor. Os pais ainda ressaltaram que a criança em momento algum apresentou outros sintomas e que não ocorreu nada para que a posição do pé E permanecesse em rotação (não torceu o pé, não caiu, etc.). Levaram-a ao ortopedista e foi realizado o exame de raio-x, que não apresentou alterações.

Observação

            A paciente não faz uso de nenhum medicamento, não tem cirurgias prévias e não apresenta comorbidades. Tinha começado a estudar no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) havia 10 dias.

2.1. Queixa principal

Deformidade do pé.

2.2.  Característica

Ao andar, o MIE apresenta uma rotação interna. Ao repousar, não se identifica alteração.

2.3.  Queixa secundária

Ao correr, a criança cai no chão.

  • Teste de exclusão

Andar nas pontas dos pés e no calcanhar: negativo.

  • Testes referenciais
  • Teste relacional funcional

Marcha espontânea.

  • Quadro contendo parâmetros encontrados na avaliação

6.1. Sistema musculoesquelético e neural

a) Inspeção:

  • Anterior: possível disfunção de lateralidade interna dos joelhos, rotação interna de quadril E e chopard alto.
  • Posterior: possível disfunção de ilíaco anterior bilateral.

b) TMG: sem alterações.        

6.2 Sistema biológico

O envelope do sistema biológico estava presente em uma primeira avaliação. Entretanto, após uma sessão, o sistema havia melhorado. Será que os tecidos do mesoderma novo e ectoderma estavam presentes, porém já em fase de solução e pelo intervalo da sessão a função possa ter se restabelecido junto com a abordagem musculoesquelética e neural?

  1. 7 Planejamento do tratamento

8. Tratamento

9. Resultados relevantes

a) Melhora da assimetria dos pés.

b) Melhora da amplitude de movimento de tornozelo.

9.1. Resultados que não atingiram o resultado proposto

Os resultados propostos foram atingidos.

9.2. Destaques deste caso

Importância da relação entre o musculoesquelético, neural e a técnica intraóssea.

9.3. Busca de aprimoramento de técnica osteopática habitualmente não utilizada

Aprimoramento da organização e construção do planejamento osteopático.

9.4. Aprendizado com o caso

Aprimoramento do conhecimento e aplicabilidade da técnica intraóssea na tíbia.        

Referências

1- Neves CM, Campagnolo JL. Desvios axiais dos membros inferiores. Revista Portuguesa de clínica geral. 2009 jul; 25:464-70.

2- Forlin E et al. Padrões de normalidade do exame físico dos membros inferiores em crianças de idade escolar. Revista Brasileira de Ortopedia. 1994 ago; 29(8):601-607.

3- Ramos SN. Deformidades rotacionais e angulares dos membros inferiores nas crianças. Caderno de Ortopedia. 2013 jul; 16:5-7.

4- David AC, Ávila AO. Análise cinemática dos membros inferiores durante o andar em crianças. Brazilian Journal of Biomechanics. 2004; 8:25-32.

5- Dobashi ET, Pinto JA. Perfil angular e rotacional dos membros inferiores. Sociedade de Pediatria de São Paulo. 2013; 55:9-14.

6- Labronici PJ et al. Estudo do desvio rotacional da tíbia. Acta ortop. Bras. 2008; 16(5):287-90.

7- Skinner HB. Current orthopedics. United States: McGraw-Hill Companies; 2006.

8- Espandar RS, Mortazavi T. Angular deformities of the lower limb in children. Asian Journal of Sports Medicine. 2010; 1(1):46-53.

9- Hensel KL, Buchanan S, Brown SK, Rodriguez M, Cruser A des. Pregnancy research on osteopathic manipulation optimizing treatment effects: the promote study a randomized controlled trial. Am J Obs Gynecol. 2015; 212(1):108.e1-108.e9.

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