Escrito por: Prof. William Nogata
Há pouca literatura ou referência de tratamento osteopático com uso do mecanismo de drop, sendo considerado um complemento ao tratamento com thrust.
O tratamento osteopático visa restabelecer a função do tecido conjuntivo por meio de técnicas classificadas como estruturais e funcionais.
Uma das técnicas estruturais utilizadas com frequência é o thrust. Ela é aplicada paralelamente ou perpendicularmente ao plano articular, contra a barreira da articulação lesada. Surpreende as defesas fisiológicas articulares e o sistema nervoso central, provocando um blackout sensorial local.
A manobra de thrust é aplicada dentro dos limites articulares fisiológicos com grande velocidade. O estiramento da cápsula articular, ao separar as facetas, estimula os receptores de Pacini. A informação sensitiva caminha pela fibras aferentes até o corno posterior da medula espinhal. Nesse nível existe uma inibição dos motoneurônios alfa e gama, portanto uma inibição do espasmo muscular que mantém a disfunção articular.
Objetivos das manobras com thrust:
- Liberar aderências.
- Restabelecer a função articular.
- Normalizar o sistema vascular local.
- Provocar um reflexo aferente.
- Estimular os centros simpáticos ou parassimpáticos para obter a ruptura do arco reflexo neurovegetativo patológico.
- Dar comodidade ao paciente.
Contraindicações às técnicas de thrust:
- Ósseas: câncer, osteoporose, raquitismo, reumatismo infeccioso e inflamatório, anomalia congênita, fratura.
- Nervosa: compressão medular, hérnia discal exteriorizada, neuropraxia.
- Vascular: principalmente ao nível cervical.
- Víscera: câncer (risco de metástase óssea).
- Falta de integridade dos elementos periarticulares, distensões musculares e ruptura ligamentar.
- Receio do paciente.
Uma das formas de tratamento com thrust é a utilização de um mecanismo de drop. Trata-se de um equipamento criado e registrado pelo quiropraxista Dr. Joseph Clay Thompson como “método de ajuste quiroprático” (United States Patent Office, 1955). O drop foi desenvolvido baseado na primeira lei de Newton: “Um corpo permanece em repouso ou movimento linear até que seja influenciado por forças a ele impressas”.
Utiliza-se o drop para que a manobra de thrust seja realizada de forma a facilitar a impressão de grande velocidade e pequena amplitude de movimento ao segmento articular lesado.
A manobra consiste em aplicar um impulso sobre o segmento articular restrito sobre o drop para que ele se movimente em relação aos demais tecidos adjacentes, devolvendo a função ou movimento.
O cuidado que o terapeuta deve ter ao realizar o thrust com uso de drop é se certificar de que o impulso será no plano articular e realizar a redução do slack. Em algumas manobras, há a necessidade do uso de pequenos calços de espuma, também conhecidos como cunhas de Dejarnette, para orientar a direção da correção.
Fig. 1 – Cunhas de Dejarnette.
O primeiro mecanismo de drop desenvolvido era apenas para região cervical, chamava-se de “cabeceira ajustável”.
Fig. 2 – Primeiro mecanismo de drop – cabeceira ajustável.
Fig. 3 – Drop para cabeça.
Há várias opções de macas no mercado brasileiro, desde macas elétricas com drop, drop portátil e drop pneumático.
Fig. 4 – Drop portátil.
Fig. 5 – Mecanismo do drop portátil.
Fig. 6 – Maca portátil com drop inferior, médio, superior e cabeça.
Durante o tratamento, o osteopata deverá regular a pressão da mola para que o drop ofereça a resistência adequada ao peso do paciente. Esse mecanismo foi aperfeiçoado ao longo do tempo e cada fabricante patenteou seu mecanismo.
Fig. 7 – Mecanismo de molas para regular a sensibilidade do drop.
A eficácia do método é semelhante a qualquer outra manobra de thrust, mas com algumas vantagens:
- Maior conforto para o paciente.
- Menor desgaste do osteopata.
- Manobras seguras com o paciente em crise.
- Menor risco de fraturas em pacientes com osteoporose leve.
- Facilidade para manipular pacientes obesos e idosos.
- Agilidade no tratamento.
O tratamento com drop não foge ao raciocínio de qualquer outro tratamento osteopático e seu resultado depende da avaliação e estratégia de tratamento.
Fig. 8 – Tratamento osteopático com drop para lateralidade direita de C1.
Fig. 9 – Tratamento osteopático para tálus anterior.
Fig. 10 – Tratamento osteopático para sacro em torção com auxílio das cunhas de Dejarnette.
Fig. 11 – Tratamento osteopático para lesão de “lateral strain” do osso esfenoide.
Referência bibliográfica
FACCHINI, D. Estudo das características mecânicas dos drops presentes em macas quiropráticas. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Quiropraxia) – Centro Universitário Feevale, Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul.
RICARD, F.; SALLÉ, J. L. Tratado de Osteopatia – teórico e prático. São Paulo: Robe Editorial, 1996.